Júlio Cardoso Pereira

Nem me lembro qual era a memória principal do 1130 que a gente usava, com os jobs contados, desesperados para conseguir corrigir nossos programas em Fortran. Coitadas das digitadoras, tendo que ser capazes de transformar nossos rabiscos em cartões... E quanto o deck caia no chão? E quando ficávamos lutando com as perfuradoras, errando na última tecla!

Finalmente descobri que não havia limite de jobs para o Dec10, reduto do pessoal de Computação... bastava entender um pouco do Tops10 (com ajuda do meu irmão, aluno de Computação) e conseguir rodar até ficar certo... e depois voltar ao 1130.

Mais para frente, uma área no Dec10 e passar o final das madrugadas jogando StarTrek (que desespero quando eram os LA30 consumindo todo o papel... glória mesmo eram os VT52). E, naquelas áreas, a gente nem tinha espaço para deixar o executável...

Depois deste sofrimento todo, um acesso privilegiadíssmo ao centro de computação, fazendo meu Projeto I, desenvolvendo meu primeiro programa gráfico (um sonho!), disputando o terminal gráfico (tá vendo, não consigo lembrar o nome!) com pessoal do Projeto Logo (jamais vou esquecer a tela verde e branca).

A Unicamp sofreu intervenção, arranjei um estágio, um emprego, o prédio novo foi terminado, outro emprego: o tempo passa.

Jamais vou esquecer do sol se pondo entre os prédios do Básico, intermináveis tardes de capirinha no Centro Acadêmico, campeonato em São Carlos na UFSCar, de quando a gente bebia pinga porque, além de embriagar mais depressa, era mais barato que cerveja, sextas solitárias, saindo dos intermináveis laboratórios de física, Unicamp vazia de alunos...

Jamais vou esquecer meu fusca, quase um troféu entre ruas vazias, escolher uma sombra qualquer e não ter que enfrentar o sol escaldante das caminhadas: poucas árvores entre o restaurante velho e o Básico.

Tantas memórias e, mais que isto, saber que a Unicamp continua sendo um centro de excelência, e que o reconhecimento pessoal e profissional que recebo são decorrência de lá ter estudado.